quinta-feira, 19 de abril de 2012

PSICOLOGIA


Publicado Coluna Bem Viver do Jornal Estado de Minas
A agressividade infantil é um assunto bastante amplo e podemos notar suas raízes desde o início das relações das crianças ainda na educação infantil. Precisamos inicialmente, discernir o que é inerente à determinada faixa etária ou sexo e o que está fora dos padrões esperados pelos mesmos.
Na educação infantil, passamos basicamente por duas delas: Uma que vai do nascimento aos dois anos de idade. Nesta fase a criança se utiliza basicamente dos sentidos para conhecer o mundo. Tudo aqui acontece por reflexos e a criança leva tudo à boca; A outra fase que vai dos 02 aos 07 anos onde a criança começa a adquirir noções de tempo, espaço. Ainda não há raciocínio lógico e as ações para ela ainda são irreversíveis.
Uma criança que morde o amiguinho até dois anos de idade, não pode ser rotulada como agressiva. Ela ainda não sabe usar a linguagem verbal e a linguagem corporal acaba sendo mais eficiente. A intenção da criança, ao morder ou empurrar, é obter o mais rápido possível aquele objeto de desejo, já que não consegue verbalizar com fluência. Esta fase de disputa é natural e quanto menos ansiedade for gerada, mais rápida e tranquilamente será transposta. É claro que o adulto não deve apenas assumir a postura de observador e sim, interferir quando necessário, evitando que se machuquem, e explicando que a atitude não é correta. Enfim, impondo limites!
É essencial saber discernir quando um comportamento agressivo é passageiro, ou se pode ser considerado como um transtorno de conduta, caso em que é necessário um acompanhamento de especialista para auxiliar a sanar o problema. Se não dermos a devida importância nesta fase essas atitudes poderão evoluir de forma prejudicial na adolescência e vida adulta, podendo transformar a criança em agente ou alvo de Bullying (tipo de comportamento que sempre existiu, e que recentemente foi batizado com um nome. Não existe uma tradução precisa para o português. Refere-se a todo tipo de comportamento agressivo que ocorre sem nenhuma razão aparente).
Muitas crianças recebem apelidos relacionados a aspectos físicos e desempenho (gordinho, vara pau, zarolho, burro, chato, etc.). Aqui o papel do professor é essencial ao identificar e trabalhar com esses aspectos evitando que se repitam. A dramatização é uma ferramenta excepcional para fazer com que as crianças vivenciem papéis.
Essencial ainda é discutir sempre as experiências depois de dramatizadas. Criar regras elaboradas em conjunto também é uma ferramenta eficiente. Quando as próprias crianças criam as regras elas ganham um significado maior e têm um grande impacto nas ações. Deve-se também trabalhar valores morais éticos como solidariedade, compartilhamento, cooperação, amizade, reciprocidade dentre outros. Se o professor cria um ambiente com atividades prazerosas durante todo o período de aula, a probabilidade de que comportamentos agressivos surjam é muito menor.
Em casa os valores morais devem ser ensinados e respeitados por todos, também se deve construir as regras da casa, que igualmente devem ser respeitadas por todos. As regras trazem para as crianças um ambiente menos instável, elas passam a se sentir mais seguras. O limite na educação dos filhos é parte essencial para o desenvolvimento saudável da personalidade.
Outro fator importante é que muitos pais por não desejarem ver os filhos sendo alvo de agressões, os impelem para revidar a agressão sofrida, geralmente dizem: - “se você chegar apanhado em casa vai levar outra pisa”; o que deixa o ciclo vicioso da agressão ativo. Se quisermos formar uma cultura de paz, temos que deixar de lado algumas coisas que vem sendo transmitidas de geração após geração e construir um novo modo de pensar o mundo e as relações na escola, no trabalho, na família e na comunidade.
Lembre-se: a agressividade só deve ser tratada como um desvio de conduta quando ela aparecer por um longo período de tempo e também se não estiverem ocorrendo fatos transitórios que possam estar causando os comportamentos agressivos. A personalidade da criança forma-se até os seis anos de idade e por isso, toda experiência e sua qualidade vividas nessa fase é de fundamental importância. Por mais que, às vezes, possa parecer ineficaz, elogio, afeto, prazer e compreensão tem resultados muito mais rápidos e menos estressantes do que bronca, castigo, sofrimento e indiferença.
É muito importante detectar e combater o comportamento agressivo ainda na primeira infância, pois quando criança não encontra obstáculos ou alguém que a alerte mostrando que não é um comportamento adequado, ela percebe que consegue liderar e tirar proveito destas situações e no futuro certamente tornar-se-á um agente do Bullying e muito provavelmente um adulto violento.
Já que criança aprende por imitação, temos que rever nossos conceitos e agir com racionalidade, deixando qualquer tipo de violência (física, psicológica, verbal) do lado. Afinal, quem deveria saber o que é certo e errado são os adultos e não as crianças que ainda estão crescendo e formando sua personalidade. Que futuro queremos para nossos filhos e nosso país? Ao transferirmos a responsabilidade dos atos das crianças única e exclusivamente para elas, estamos abrindo um leque de possibilidades para que no futuro elas possam se tornar violentas. Afinal elas são seres em desenvolvimento físico, psíquico e social.
(Antônio Roberto)

Adaptado por Fabiana Soares
Psicóloga 

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