"A adolescência chega e muitas
vezes com ela as primeiras experiências sexuais. Nem todo mundo sabe, mas o
despertar da sexualidade nada tem a ver com a genitalidade, normalmente
acentuada nesta fase da vida. Quando o ser humano nasce, já começa a desenvolver
sua própria sexualidade. Entretanto, em uma sociedade que erotizou o sexo,
incentivando sua prática a qualquer custo, as pessoas perderam o referencial.
Muitas acreditam que os únicos riscos do sexo são físicos, como uma gravidez
indesejada ou a contaminação pelo vírus HIV. Os especialistas, no entanto,
alertam que viver plenamente as experiências sexuais pode trazer outros
problemas: traumas que, sem tratamento adequado, serão carregados por toda
vida".
A sexualidade será sempre a associação da própria genitalidade, do carinho, do afeto, do amor e, principalmente, da comunicação. Nem sempre, sua manifestação se dará entre amantes. "De maneira alguma, a sexualidade quer dizer apenas a relação sexual, a penetração ou a simples preocupação com os genitais. Ela é algo mais amplo, que passa a existir com o nascimento do indivíduo. Sexualidade significa vida", esclarece o Dr. Leonardo Goodson, ginecologista com especialidade em Sexualidade Humana.
Sexo e Idade
O médico explica que as características dessa sexualidade são
variadas conforme a idade. Nas crianças com idades entre zero e 18 meses,
começa o processo de aprendizagem da identidade homem/mulher e dos papéis
sexuais. "Neste período, a criança passa a lidar com a representação
cultural do que é ser homem ou mulher. É nessa fase que o bebê começa a
experimentar o próprio corpo e a ter as primeiras experiências sexuais,
ganhando intimidade e confiança principalmente com a própria mãe", explica
o ginecologista.
A apreciação e o exame dos próprios genitais ocorre entre os 18 meses e os três anos de idade. Depois disto, até os quatro anos, a criança tem sua própria explicação sobre a origem dos bebês, sendo capaz de assimilar atitudes sexuais - negativas ou positivas - do meio onde vive. Entre cinco e seis anos, a criança apresenta ideias fantásticas de como os bebês são gerados. É neste período, que o outro começa a ser incluído nos jogos sexuais. "A partir dos sete anos, apesar do interesse em assuntos sexuais, a criança fica retraída com os contatos mais íntimos. Mesmo assim, mantém brincadeiras sexuais com crianças do mesmo sexo", lembra o médico.
A apreciação e o exame dos próprios genitais ocorre entre os 18 meses e os três anos de idade. Depois disto, até os quatro anos, a criança tem sua própria explicação sobre a origem dos bebês, sendo capaz de assimilar atitudes sexuais - negativas ou positivas - do meio onde vive. Entre cinco e seis anos, a criança apresenta ideias fantásticas de como os bebês são gerados. É neste período, que o outro começa a ser incluído nos jogos sexuais. "A partir dos sete anos, apesar do interesse em assuntos sexuais, a criança fica retraída com os contatos mais íntimos. Mesmo assim, mantém brincadeiras sexuais com crianças do mesmo sexo", lembra o médico.
Adolescência
As profundas transformações da puberdade começam aos 10 anos, quando a criança conhece também a prática da masturbação. A partir de então, acentua-se o desejo de relacionamento com o outro. O Dr. Leonardo Goodson explica que, normalmente, os adolescentes com 14 anos têm um amigo íntimo e canalizam o erótico para histórias, confidências e piadas. Com 15 anos, ocorre a abertura para a heterossexualidade e o adolescente começa a ter sua identidade sexual afirmada. "Dos 17 aos 23 anos, essa identidade é consolidada e o jovem passa a ter um objeto amoroso único, com quem mantém intercâmbio amoroso. Neste período, ele passa a dar e a receber", detalha o Dr. Goodson.
Riscos Orgânicos e Prevenção
A Aids não é o único risco trazido com o início de uma vida
sexual ativa, apesar de ser o mais temido. A gravidez indesejada e a
contaminação por outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) também
merecem atenção. "A pílula e a camisinha não são as únicas formas de
prevenção. Existem outros métodos que podem ser adotados, desde que haja o
acompanhamento de um médico ou orientador sexual. Quando se pensa em
adolescência, as recomendações mais comuns são a pílula para a gravidez
indesejada e a camisinha para as DSTs", explica o dr. Goodson. Para evitar
a gravidez, é possível adotar ainda métodos como o coito interrompido, a
temperatura basal e a tabelinha. No entanto, são opções menos confiáveis. Os
métodos chamados de barreiras são os preservativos masculino e feminino, o
diafragma e o Dispositivo Intra-uterino (DIU). Há ainda os anticoncepcionais
orais (pílula) e os injetáveis (mensal e trimestral), além da laqueadura
tubária e a vasectomia.
A sociedade erotizada chama a atenção para os riscos físicos
do sexo, esquecendo-se de outro ponto que é tão importante quanto a saúde do
corpo: a mente sadia. Atualmente, a mídia tem sido o meio mais feroz de
incentivo à vida sexual. No entanto, este incentivo tem uma proporção
infinitamente mais voltada para o lado negativo. "Na televisão, por
exemplo, são muitas horas voltadas para o desrespeito ao próximo, para o
incentivo de receber mais do que dar; e poucos minutos de orientação sexual
adequada, principalmente para os adolescentes. É preciso lembrar que sexo é
bom, quando é bom para os dois", opina o ginecologista. Um dos exemplos de
erotização diz respeito à forma como a sociedade encara a virgindade. O médico
explica que ser virgem não significa de maneira alguma estar fora do mundo
atual, mas estar em um momento de reflexão. "A pessoa virgem ainda não se
sente preparada para enfrentar a relação sexual com a maturidade que ela
merece. E isto independe da idade", orienta.
Como as pessoas desconhecem este verdadeiro sentido da
virgindade, torna-se antiquado ser virgem. Atualmente, muitos adolescentes
preferem dizer diante da turma que já tiveram a primeira relação sexual, para
não ser massacrados diante de comentários e piadas dos colegas.
Hímen
"A virgindade é simbolizada pela perda do hímen pela mulher e pela primeira relação sexual do homem. Mas ela precisa ser vista de forma mais ampla. A virgindade será sempre perdida quando iniciarmos um novo relacionamento, independente de ser o primeiro ou não", afirma o Dr. Goodson. O médico defende que o hímen não direcione o que é ser virgem e, sim, o contato com um novo parceiro, que sempre vai representar uma nova descoberta. Assim, ao longo da vida, a pessoa estará sempre perdendo a virgindade a cada novo encontro.
"A virgindade é simbolizada pela perda do hímen pela mulher e pela primeira relação sexual do homem. Mas ela precisa ser vista de forma mais ampla. A virgindade será sempre perdida quando iniciarmos um novo relacionamento, independente de ser o primeiro ou não", afirma o Dr. Goodson. O médico defende que o hímen não direcione o que é ser virgem e, sim, o contato com um novo parceiro, que sempre vai representar uma nova descoberta. Assim, ao longo da vida, a pessoa estará sempre perdendo a virgindade a cada novo encontro.
O ginecologista detalha que estar maduro para a primeira
relação sexual é compreender o que ela significa e saber lidar com os problemas
que ela pode trazer. A gravidez indesejada, as DSTs e os problemas relacionais
são algumas das dificuldades que podem aparecer. No entanto, vivido de forma
adequada, o sexo possibilita que a pessoa usufrua de imensos prazeres.
A falta de compreensão de como a sexualidade e o sexo devem
ser encarados traz inúmeros riscos - orgânicos e psicológicos. "A gravidez
indesejada, as DSTs, a insatisfação pessoal, o arrependimento, as disfunções
sexuais tardias e as dificuldades no relacionamento são alguns desses
riscos", diz o médico. O profissional orienta que todo passo na vida deve,
se possível, ser planejado, diminuindo as chances de se tornar um problema.
Minimizar esses riscos será sempre uma responsabilidade de cada indivíduo, que
deve buscar a orientação adequada, por meio de profissionais de saúde,
professores de orientação sexual, livros especializados e a própria
compreensão. "Entender a si mesmo será sempre algo significativo para
adquirir a maturidade necessária para a vida", lembra.
Traumas
O trauma psicológico aparece sempre que a pessoa se inicia em qualquer área sem estar preparada. Os problemas psicológicos futuros, neste caso, são inevitáveis. No caso sexual, a iniciação inadequada pode refletir na conduta dos anos seguintes, trazendo ansiedade durante a relação sexual, disfunções e dificuldades no relacionamento. Todos estes problemas influenciam no cotidiano, porque o sexo faz parte da vida e, como tal, é primordial que seja bem vivenciado.
Conflitos
Para algumas pessoas, as experiências sexuais só ocorrem anos mais tarde, apesar de a adolescência ser um momento da vida em que a própria biologia leva ao envolvimento sexual. Para quem ultrapassou esta fase e não vivenciou o sexo, o risco de conflito é grande. No entanto, se a pessoa está bem consigo mesma, lembrando que a sexualidade envolve afeto, carinho e comunicação e não apenas genitalidade, não haverá problemas. Se existe o conflito, é necessário buscar ajuda profissional. O indivíduo deve buscar o equilíbrio da vida sexual, parando de exigir de si mesmo uma atitude que não pode ser assumida naquele momento.
Opinião:
As
famílias devem manter o hábito de conversar sobre o cotidiano, dessa forma
temas considerados por alguns como tabus – algo que não deve ser falado –
poderão ser tratados de forma mais natural. Pois a vida sexual está começando cada vez mais cedo e os adolescentes precisam
estar preparados para lidar com a sexualidade de maneira consciente e
responsável. Ainda é possível se deparar com dúvidas que, muitos de nós,
imaginávamos não mais existirem num mundo em que o acesso à informação está
amplamente facilitado e, em busca de esclarecimento, acabam recorrendo a colegas
que sabem tão pouco quanto eles. E como ser aceito num grupo é uma parte
importante nesta fase, a pressão desse grupo, às vezes, é razão suficiente para
que os adolescentes assumam comportamentos e atitudes que não têm maturidade
para arcar com as consequências. Além disso, os adolescentes podem se colocar
em situações perigosas: ir a lugares que oferecem risco a sua integridade
física e emocional, por exemplo. Por isso, os pais devem estar atentos às
transformações pelas quais os adolescentes passam, e abertos para o diálogo. Se
lhes falta naturalidade para enfrentar o desafio, o ideal é que procurem ajuda
de profissionais capacitados para orientá-los.
Fabiana Soares
psicologa
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