quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

PSICOLOGIA


                                          DIGA NÃO AS DROGAS


Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de experimenta,
 depois, quando você quiser, é só parar... “e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve,
disse que era de “raiz” da “terra”, que não fazia mal,
e me deu um inofensivo disco do “Chirtãozinho e Xororó”
e em seguida um do “Leandro e Leonardo”. Achei legal, coisa bem brasileira,
 mas a parada foi ficando mais pesada,
 o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de “Amigo” e acabei comprando pela primeira vez.
 Lembro que cheguei na loja e pedi:
- Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano.
Era o princípio de tudo!
Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar;
 sabe, coisa leve... “Banda Eva”, “Cheiro de Amor”, “Netinho”, etc. Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores:
 “É o Tchan”, “Companhia do Pagode”, “Asa de Águia” e muito mais.
Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador,
 que me fizesse mexer a bunda como eu nunca havia mexido antes. Então, meu “amigo” me deu o que eu queria,
 um CD do “Harmonia do Samba”. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, minha razão de existir. Eu pensava por ela,
 respirava por ela, vivia por ela! Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito,
 e você começa a querer cada vez mais, mais, mais ...
Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência.
 Fui ao show de encontro dos grupos “Karametade” e “Só pra Contrariar”, e até comprei as Caras que tinha o “Rodriguinho” na capa.
 Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro,
 meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra: entrei para um grupo de pagode.
 Enquanto vários outros viciados cantavam uma “música” que não dizia nada, eu e mais 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados,
 sorríamos e fazíamos sinais combinados.
 Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a coletânea “As Melhores do Molejão”.
 Foi terrível!!! Eu já não pensava mais!!
 Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas “miseráveis” e letras pouco arrojadas.
 Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada.
 Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, no limiar da condição humana,
 quando comecei a escutar “Popozudas”, “Bondes”, “Tigrões”, “Motinhas” e “Tapinhas”.
 Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido. Quando sai a noite para as festas pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos.
 Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas; uns nobres queriam me mostrar o “caminho das pedras”,
 outros extremistas preferiam o “caminho dos templos”.
 Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa.
Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderia ter feito por mim.
 Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues.
 Mas o meu médico falou que é possível que tenha que recorrer ao Jazz e até mesmo a Mozart e Bach.
Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoa a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam em dinheiro.
 Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te oferecem drogas.
 Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante;
 vai perder as referencias e definhar mentalmente. Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e,
 na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:
? Não ligue a TV no domingo à tarde;
? Não escute nada que venha de Goiânia ou do interior de São Paulo;
? Não entre em carros com adesivos “Fui...”;
? Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito foi ao programa da Hebe ou se apareceu no Programa do Gugu;
? Mulheres gritando histericamente é outro indício;
? Não compre nenhum CD que tenha mais de 6 pessoas na capa;
? Não vá a shows em que suspeitos façam gestos ensaiados;
? Não compre nenhum CD que a capa tenha nuvens ao fundo;
? Não compre qualquer CD que tenha vendido mais de 1 milhão de cópias no Brasil;
? E não escute nada que o autor não consiga uma concordância verbal mínima;
? Mas principalmente, duvide de tudo e de todos.
A vida é bela!
Eu sei que você consegue!
Diga não às drogas!

Luis Fernando Veríssimo

Fabiana soares

Um comentário:

  1. O poeta usa alguns gêneros musicais para falar sobre o vício das drogas. Ele começa falando sobre o inicio do uso, que geralmente ocorre com uma raiz, erva, uma coisa da terra, da natureza que não faz mal. Porém a pessoa começa a gostar da alegria que aquela "música" lhe proporciona e passa a querer mais e mais. Só que chega num ponto no qual a música de sempre já não mais te deixa alegre e você procura algo diferente que fizesse com que a alegria inicial voltasse, mas o que acontece é que nunca mais você sente aquela alegria inicial e vai procurando "músicas" mais envolventes. Dessa forma, você fica preso nesse ciclo e vai querendo mais e mais, sem conseguir o quer. E este caminho pode ser sem volta, contudo há sempre esperança, tratamento, basta pedir ajuda e querer sair dessa.
    Quando alguém te oferecer algo que não conhece, ou conhece e sabe que é ilegal ou irá te fazer mal, é melhor ser CARETA e dizer NÃO OBRIGADO! TO EM OUTRA!

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